Muito antes de ser um astro do cinema, Will Smith fazia sucesso como rapper. Mas já estava há mais de 20 anos sem lançar um álbum. Talvez por isso tenha causado surpresa a escalação do artista como uma das atrações do Rock in Rio, no dia 19 de setembro, no Palco Sunset. Ele está preparando um novo projeto e escolheu o festival para dar uma amostra por aqui do que está por vir. Vai ser um show mais curto, mas nem por isso menos impactante.
Foi este ano que o artista começou a ensaiar o retorno aos palcos. O afastamento se deu porque filmes sempre pagaram mais que a música, como ele disse ao “Fantástico”, no último domingo, dia 1º. Mas dá para dizer também que o período que ficou recluso nos últimos dois anos ajudou a ser frutífero para reviver projetos antigos.
Para quem não se lembra, em 2022, Will Smith Will Smith deu um tapa no rosto de Chris Rock durante a cerimônia do Oscar. O ator não gostou de uma piada feita pelo apresentador sobre Jada Smith, a esposa. Desde então, qualquer movimento do astro de “Um maluco no pedaço” é interpretado pela imprensa internacional, principalmente, como uma caminhada cuidadosa para o “descancelamento”. É comum ver textos citando que o ator tem feito “turnê de limpeza de imagem”, “as estratégias para ser descancelado”, entre outras semelhantes.
O primeiro single foi a música “You can make it”, que em tradução livre significa “Você pode superar isso”. É um rap gospel, com frases motivacionais. A primeira performance ao vivo foi na premiação BET Awards, que premia celebridades negras. E vários veículos com “Vulture”, “USA Today”, “El país”, e “The Guardian” citaram a escolha deste festival como também uma tentativa de fazer as pazes com a comunidade negra, que criticou o ator por reforçar o estereótipo de que negros são homens raivosos, quando viveu o drama no Oscar.
“Durante meus momentos mais difíceis, a música sempre esteve aqui para mim. Para me ajudar a levantar e me fazer crescer. Este é meu humilde desejo para que a música ajude você e também te dê toda a alegria e luz que você merece”, disse Will no X, o antigo Twitter, ao lançar a canção.
Depois, veio com o filho Jaden a música “Work of art”, que cita indiretamente o Oscar em um dos versos: “Eu sou um santo, mas se você tocar, eu sou um selvagem”, canta. Para o lançamento do filme “Bad Boys: até o fim”, ele entrou na trilha sonora na música “Light em up”, com Sean Paul. No Instagram, ele escreveu: “Nos últimos dois anos, tive que aprender uma maneira diferente de lidar com a adversidade, uma maneira diferente de enfrentar os tempos difíceis”.
Analistas de crises de imagem também consideram que há racismo nessa insistência de que Will Smith precisa tanto de um perdão. Se ele fosse um homem branco, talvez já tivessem esquecido esse episódio do tapa. Mas isso afetou a vida financeira e a performance dos filmes do ator. Em 2022, por exemplo, o filme “Emancipação”, que é do ator, teve baixíssima repercussão e foi um fracasso de bilheteria.
As coisas começaram a mudar mesmo em 2024. O filme “Bad Boys: Até o fim”, o quarto longa da franquia da Sony Pictures, arrecadou cerca de US$ 56 milhões nas bilheterias de Estados Unidos e Canadá, de acordo com a Sony, no primeiro fim de semana de lançamento. O trabalho liderou a bilheteria nestes países. A distribuidora também investiu pesado na imagem de Will Smith, que viajou por várias cidades para divulgar o longa. Quer resposta de perdão aceito melhor do que esta?
Com isso, vários projetos do ator que estavam engavetados, começaram a sair do papel. A Netflix, por exemplo, retomou as gravações de um filme, que tinha cancelado logo após o incidente no Oscar. A Disney também está produzindo um documentário com Will.
Os singles até agora não têm sido um sinônimo de sucesso, como o ator performa nas bilheterias. Mas precisa? O que elas podem representar agora é a força que o artista tem para continuar transmitindo as mensagens que precisa para limpar a imagem, ou inaugurar a nova fase. Shows podem levá-lo também a outras partes do mundo, e o que era para ter sido uma polêmica já esquecida, vai ficando cada vez mais em segundo plano.
O show no Rock in Rio
O show de Will Smith no festival está sendo chamado de “aparição especial”. Vai ser mais curto que o normal, e a ideia é apresentar os novos singles, assim como os hits que lançou no início da carreira, por meio da dupla DJ Jazzy Jeff & the Fresh Prince, e o ajudaram a conquistar quatro Grammys.