Quinta-feira, 28 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 18 de novembro de 2023
Em um cenário cada vez mais preocupado com a privacidade online, uma controvérsia envolvendo o YouTube, a famosa plataforma de vídeos do Google, vem ganhando destaque.
O consultor de privacidade digital Alexander Hanff está tomando medidas legais (ou seja, processando) contra a empresa, acusando-a de espionar usuários para identificar e bloquear o uso de bloqueadores de anúncios (adblockers) na plataforma.
Esta acusação coloca em foco práticas que, segundo Hanff, seriam consideradas ilegais na União Europeia. Ele alega que o YouTube utiliza scripts que detectam usuários que empregam adblockers, impedindo a reprodução de vídeos em suas contas. Essa abordagem é vista por ele como uma espécie de vigilância, violando potencialmente as normas de privacidade vigentes na região.
Hanff descreve os scripts empregados pelo YouTube como uma forma de spyware, alegando que eles são aplicados nos dispositivos dos usuários sem consentimento ou conhecimento prévio, com o objetivo explícito de monitorar e interceptar o comportamento online, independentemente de os anúncios serem exibidos ou bloqueados
Em entrevista ao The Register, Hanff disse o seguinte:
“Considero o script do YouTube um spyware – também conhecido como tecnologia de vigilância, pois é implantado sem meu conhecimento ou autorização no meu dispositivo com o único propósito de interceptar e monitorar meu comportamento (se os anúncios carregam ou não no meu navegador ou são bloqueados por um bloqueador de anúncios)”.
Anteriormente, Hanff já havia formalizado uma reclamação no âmbito civil perante a Comissão de Proteção de Dados da Irlanda, um órgão regulador bastante relevante por lá. A referida comissão entrou em contato com o gigante da web, mas ainda aguarda uma resposta oficial sobre a questão.
Cruzada
Por outro lado, o YouTube intensificou sua luta contra os bloqueadores de anúncios. Recentemente, a plataforma começou a exibir avisos na tela informando que esses plugins violam os termos de serviço do produto.
A política atual permite que os usuários assistam até três vídeos com o adblocker ativado, após o que a reprodução é bloqueada. Algumas extensões, no entanto, continuam funcionando na plataforma.
A empresa confirmou que esta é uma ação global destinada a combater aqueles que evitam anúncios sem uma assinatura do YouTube Premium, o único método oficial de evitar publicidades na plataforma.
Além disso, a companhia enfatiza que uma parcela da receita gerada pelos anúncios é distribuída para os criadores de conteúdo na rede, apontando para o impacto econômico que os adblockers têm sobre o ecossistema de criadores de conteúdo.
Difícil equilíbrio
Interessante notar que os termos de serviço do YouTube não mencionam explicitamente os adblockers. Contudo, há uma seção que proíbe burlar, desabilitar, fraudar ou interferir com qualquer parte do serviço, incluindo recursos relacionados à segurança ou que restrinjam a cópia ou outro uso do conteúdo. Esta cláusula tem sido interpretada como uma proibição implícita do uso de ferramentas de bloqueio de anúncios.
Este caso lança luz sobre a complexa interação entre privacidade, publicidade e as normas regulatórias em um ambiente digital em constante evolução. Enquanto os defensores da privacidade defendem o direito dos usuários de controlar a exposição a anúncios online, empresas como o YouTube argumentam que a publicidade é fundamental para sustentar o modelo econômico que apoia uma ampla gama de conteúdos gratuitos.