Eleitos por votação popular, dois brasileiros entraram oficialmente para o Hall da Fama do Vôlei nesse sábado (19). Em cerimônia realizada em Holyoke, nos Estados Unidos, José Roberto Guimarães e Ana Paula Henkel foram integrados ao seleto grupo de um dos esportes mais populares do planeta. O técnico Zé Roberto não compareceu ao evento, por causa de compromissos com o THY, da Turquia. Ana Paula esteve presente e celebrou a homenagem recebida.
“É uma grande honra estar aqui hoje, com todos esses nomes incríveis. Gostaria de agradecer ao Hall da Fama e a todo o seu pessoal. Também agradecer aos meus técnicos e colegas que me ajudaram e aos milhares de fãs brasileiros que votaram em mim. É surreal ver na minha mente o quebra-cabeça da vida de 40 anos no vôlei se montando. Estou muito emocionada.”
Ana Paula, de 52 anos, integrou a seleção feminina de vôlei em duas edições dos Jogos Olímpicos. A primeira participação aconteceu em Barcelona 1992, e a segunda veio em Atlanta 1996, quando o Brasil conquistou uma histórica medalha de bronze. A ex-jogadora também levou a prata no Mundial de 1994 e foi tricampeã do Grand Prix.
Com uma carreira consolidada na quadra, Ana Paula migrou para a areia e participou de mais duas Olimpíadas: Atenas 2004 e Pequim 2008. Foi eleita para o Hall da Fama na categoria de jogadora de vôlei de praia e, durante a cerimônia deste sábado, comentou a necessidade de valorização de atletas mulheres.
“Esportes femininos não são apenas sobre competição, mas sobre igualdade, empoderamento e a chance de toda atleta brilhar em um campo de jogo limpo. Por décadas, mulheres lutaram pelo direito de competir. Agora, precisamos proteger as oportunidades alcançadas. Esportes femininos ajudam jovens garotas a sonharem alto, construírem confiança e quebrarem barreiras em todas as áreas da vida. Vamos deixar as portas abertas a todas e protegê-las. Silêncio não é uma opção.”
Outro brasileiro homenageado nos Estados Unidos, Zé Roberto iniciou a carreira no vôlei como jogador – mais especificamente, como levantador. Dentro de quadra, participou de uma edição de Olimpíadas, em Montreal 1976, mas o Brasil terminou apenas na sétima posição.
Foi mesmo como treinador que Zé construiu um vasto legado no vôlei e, por isso, o paulista entrou para o Hall da Fama na categoria de técnico. Em 1992, conduziu a seleção brasileira masculina a um ouro olímpico inédito. À frente da equipe nacional feminina, conquistou ainda duas medalhas douradas, uma prata e um bronze nos Jogos.
Mesmo que não guarde nenhuma das medalhas consigo – já que as Olimpíadas não premiam os técnicos –, Zé é dono de marcas importantes. Até hoje, nenhum outro brasileiro, além dele, pode se considerar tricampeão olímpico. Também é o único treinador do mundo a conquistar ouro nos Jogos com uma seleção feminina e outra masculina.
Em oito participações como técnico, subiu ao pódio das Olimpíadas cinco vezes, só ficando atrás de Bernardinho (seis) no ranking de treinadores de vôlei.
“Ser reconhecido com essa homenagem [entrada no Hall da Fama] significa muito para mim, e estou verdadeiramente feliz. Agradeço a família, jogadores, amigos e torcedores. Também parabenizo todas as outras pessoas introduzidas ao Hall da Fama. Ainda que não esteja presente na cerimônia, celebro esse momento em espírito”, disse Zé, de 70 anos, em vídeo enviado da Turquia e exibido na cerimônia desse sábado.