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Zelensky afirma que Lula não é mais “relevante” nas negociações entre Ucrânia e Rússia

Não é a primeira vez que Zelensky critica a posição do presidente do Brasil no conflito. (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Presente em Davos, na Suíça, para o Fórum Econômico Mundial, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que “o trem do Brasil já passou” na tentativa de mediar negociações de paz entre seu país e a Rússia. Zelensky também afirmou que Lula não é mais um ator relevante no conflito, e não o será com o retorno de Trump à Casa Branca.

“Hoje eu acho que o trem do Brasil, para ser sincero, passou. Falei com Lula, nos encontramos e pedi que ele fosse um parceiro para acabar com a guerra, etc. Agora ele não é mais um ‘player’. Ele também não será um ‘player’ para Trump”, disse o presidente ucraniano.

Não é a primeira vez que Zelensky critica a posição do presidente do Brasil no conflito. Ao longo de 2023, em seu primeiro ano à frente da presidência, Lula investiu, sem sucesso, em tentativas de atuar como mediador de um diálogo entre Ucrânia e Rússia para o fim da guerra.

O presidente declarou naquele ano que a Ucrânia também tinha responsabilidade pela guerra e que Estados Unidos e União Europeia contribuíam para continuidade do conflito armado.

Em maio de 2024, Zelensky afirmou a jornalistas latino-americanos, em Kiev, que o governo brasileiro prioriza a “aliança” com a Rússia, um país “agressor”. Tanto Brasil quanto Rússia fazem parte dos Brics.

Em setembro, no seu discurso durante a Assembleia Geral das Nacões Unidas, disse duvidar do “real interesse” de Brasil e China ao pressionarem para liderar o diálogo entre Kiev e Moscou os dois países.

Lula respondeu dizendo que o presidente da Ucrânia falou “o óbvio” em seu discurso, que é defender a própria soberania, uma “obrigação dele”. Ele afirmou também que não existia uma proposta de paz elaborada por Brasil e China, “mas uma tese que é importante começar a conversar”.

“Eu vou dizer mais, ele, se fosse esperto, diria que a solução é diplomática, não militar. Isso depende da capacidade de sentar e conversar, ouvir o contrário e tentar chegar a um acordo para que o povo ucraniano tenha sossego na vida, é isso”., completou.

Ultimato de Trump

O recém-empossado presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deu um prazo de 100 dias para o enviado especial da Casa Branca Keith Kellogg acabar com a guerra na Ucrânia. Poucos acreditam que isso seja possível, embora a Rússia tenha sinalizado nesta quarta-feira que Moscou vê uma janela de oportunidade para forjar acordos com o novo governo após Trump sugerir impor novas sanções caso o país se negue a negociar um cessar-fogo.

O presidente ucraniano, por sua vez, reiterou que qualquer acordo de paz com os russos deve ser acompanhado de supervisão militar e pediu um efetivo de 200 mil soldados europeus de manutenção da paz.

“Se não fizermos um ‘acordo’, e em breve, não terei outra escolha senão impor altos níveis de impostos, tarifas e sanções a qualquer bem vendido pela Rússia aos Estados Unidos” e outros países, alertou Trump em sua rede Truth Social, nesta quarta-feira, repetindo uma ameaça feita no dia anterior diante de repórteres.

Nos últimos meses, Trump disse repetidamente que acabaria com a guerra na Ucrânia antes mesmo de assumir a Presidência nos EUA, o que não aconteceu. A Rússia não tem um embaixador em Washington desde outubro, quando Anatoly Antonov deixou seu cargo. E no dia da posse em Washington, o presidente russo, Vladimir Putin, sinalizou não ter pressa em resolver o conflito com Kiev. As informações são do portal de notícias O Globo.

 

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